terça-feira, 23 de março de 2010

Reino de Além-Dor

A ideia endiabrada
duma historia encabrada
glorias do tempo passado
memorias de tempos vindouros

Na historia parte o homem
senhor e mestre do saber
a formosura empalada
do que um dia viria a ser

Olha que massa negra
se avizinha...
finda na hora,
rejubila, agora
o gesto perdido e incolme

Na teia central
armadilha inquebrável
o chão arnoso
faz se arável.

A mente dispersa
cinzento sentido
e na testa impressa
o teu numero escondido

Somos robôs aliados
inimigos na saudade
de coisas que já foram
e nunca mais serão

Do futuro já nem se fala
ele é apenas condição
duma memória testada
de morrer sem procissão

Oremos amigos em carne
a este deus inferior
e em milagres reencarne
o que foi posterior.

Fiquei suspenso na esfera
que envolve este inferno.
o céu faz se perdido
o homem, lobo, bandido.

Nos teus olhos mortiços
taciturno fantoche alado
une te aos feitiços
dum mundo que há de ruir.

A anarquia geral
o craso fatal...
A proxeneta faz se deusa
O padre homem comum

E neste reino imperfeito
verás anjos e demónios
neste mundo, incerteza
e o futuro virá...

Calmaria fingida...
determinação constringida.
Grito condicionado
Gesto empertigado.

E na dor
encontraremos um dia razão
e em vez de controlados
controlaremos.
e em vez de condicionados
nos libertaremos.

Só na dor ficará
Só a dor resistirá.

É a barreira que nos divide
entre a mortalidade
e o grau superior
se esquecêssemos a saudade
e encarássemos o futuro.

Inimizade em decadência
Corpo comum e alado
Voaremos, o mundo num passo
o espaço no outro
e o depois também.

O potencial infinito.
a transumancia humana
decadência abrupta e sincera
milagres que a espada encerra.

E além-dor veremos o sabor
da carne dos homens.
E este deus inferior
à força de pensamento
Incandescerá o amanha.

Seremos Homem, Terra e Paz.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Espirito de natal

Vejo e sinto,
juro que sinto,
o cheiro da neve
tão leve, tão fofa

E nos tempos
da sopa, canja quente
nos pratos
E bolos, e os sapatos
cobertos de coisas boas

E as gentes miudinhas
que gritam "Prendinhas!"
É de facto tempo de natal
Onde ficou o espírito natalício

Queria desejar ao Solstício
Um Bom Natal
Mas ficou me ele por ameno
Nem neve, nem canções
que envolvem o ar

Esses pormenores
ficam calados
enquanto passo pelos
meus sapatos
cheios de coisa nenhuma

E os embrulhos
esmerados
cobertos de fartura

Mas o meu coração
não se enche de ternura
algo que nem comprimidos
cura, é raro
achar nestas vidas
tão repletas de tecnologias

O que é feito
do espírito de natal
que fiz eu de mal
não ter por reconhecido
esse fogo que deixa estarrecido
cada molécula do meu coração
E enaltecido
livre de inercia

O meu coração bate certinho
gostava que batesse
como o de um menino
que acaba de receber a sua primeira
prenda de natal

Que é feito do meu menino
não gosta ele mais da neve?
e do sapatinho?
e do bolinho?

Só gostava mesmo
que por um segundinho
Se ergue-se o brilho
dos olhos de um menino
nos meus olhos,
ao ver as estrelas
na noite de natal.

"Não-Existencional"

Escrevo de coisas reais
Que de real no entanto nunca vi
Porque apenas seres reais
vem coisas concretas
E eu porventura não vi

Não tenho um problema existencial
Se de facto não existo

e que sou eu afinal
um aglomerado "dexistencial"
de átomos e partículas

E tendo contado por fim
cada dia da não-existência
a que eu firmemente tão agarrado
meto as mãos na consciência
e com um ego mirrado

ponho um olhar, um olhar apagado
Dum fantasma que alego ser
porque dos outros nada sei
nem sei se quer se me vêem

falam e quando falam
me chateiam
Sempre nas suas teimosias
dotadas de origens ancestrais

e eu que sou diferente
e tão feito de nada
cruzo o presente com o passado
e faço a minha própria salada
e quando falo, falo de forma tão calada
que duvido sequer se que alguém ouviu

e dou as graças
porque mesmo se ouvissem
não intenderiam nada
seria como um vento que arrepia
e passa...

e quando passa, já passou
e o que ficou mesmo já la foi
mas eu teimo em ficar
Porque se vou e igual
e ao menos dou um ar emocional
a minha existência ficcional

Escrevo, por um amigo distante
amigo esse que nunca tive
afinal quantas pedras,
árvores ou a própria água
têm amigos
e passam tempos definidos
com essas presenças reais

Escrevo, se escrevo
também nunca sei
sei que fica e vejo,
se ficar nalguem
porventura duvido
fico inclusive estarrecido

e fico olhando o vazio
tão igual a mim mesmo
e do tempo que nunca passa
dou me conta duma conclusão
eu de facto não existo
mas quando escrevo
causo de facto impressão.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Censura: E o silencio paira no ar.

E o silêncio paira no ar
Ninguém mais se ouviu falar
Nem o ousado, nem o ausente
Nenhuma voz realmente presente.

Os passos são abafados
As vozes são caladas
Os ditos são comidos
Os corações entorpecidos.

Nem os rádios,
Que houvera em tempos
Em que debitavam incessantemente
as notícias

Nem as tv's
Nem as radiotelefonias
e os jornais
qe haviam sido até então
A motivação contra a condição
Foram também baixas de guerra.

Em terra e tempos diferentes
Ainda chegou a haver quem dissera
Hoje, enfretamos uma quimera.
E ponto final...

Ninguém mais ousou falar
O silêncio pairou no ar

Foi tudo calado
A notícia:
Não há notícia!
Ninguém teve tempo de a anotar...

Francisco Cardoso

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os Homens

A força dos homens
Comprimida sem igual!
Numa fúria empobrecida
Qual besta ou animal

Não deu tréguas
Não cessando
As magoas pediu as o vento
Mas sem sequer amando!

E das aves, qual pena?
E dos peixes, qual escama?
Que nem um só vestígio deixaram, os sacanas!
E ficaram de insanas....

Todas as respostas, obrigações e tentações!
Não seriam eles também restos da carne humana....

Sentimento

Margens dum rio
Vastidões dum deserto
Mundo submerso

Pois eu confesso,
Que me nasce um sentimento
Que passa o entendimento
E que fermenta em mim

Óh fronteira sem fim
Renasce em hora,
O que mora em meu coraçao

Que num sim,
Num não,

Haja resposta mais sentida:

Que um fogo,
Que um fogo sentido.

A 1º Saga, A luz

Prados, campos
Verdes vales
Luz que vens de bravo sol

Mole minha alma,
bruto meu coração

Que não nego não,
Estar provido do amor

Da luz que nasce,
Da luz que vem,
Que entra em nossos corações
Corações esses, que renova

Numa saga pelo ouro que é: A luz